Oposição realiza atos contra Maduro na Venezuela nesta 5ª feira

Oposição realiza atos contra Maduro na Venezuela nesta 5ª feira


Manifestações foram convocadas por Edmundo González, que afirma ter derrotado o chavista nas eleições, e María Corina

A oposição na Venezuela realiza nesta 5ª feira (9.jan.2025) atos contra o governo de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido de Venezuela, esquerda). As manifestações foram convocadas por Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita), que afirma ter derrotado o chavista nas eleições de julho, e María Corina.

Os atos se dão na véspera da posse presidencial, marcada para 6ª feira (10.jan). Não está claro se González voltará à Venezuela para as manifestações. Ele havia dito, em novembro, que estaria no país no dia da posse de Maduro. A Justiça venezuelana emitiu um mandado de prisão contra o opositor em setembro. 

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), alinhado ao governo chavista, declarou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho. A oposição diz que houve fraude eleitoral e afirma que o vencedor foi Edmundo González. 

Os atos desta 5ª feira (9.jan) estão marcados para 10h (horário local) –11h em Brasília. Vão ser realizadas manifestações em diversas cidades venezuelanas.

María Corina, uma das principais líderes da oposição, disse na 4ª feira (8.jan) que a Venezuela “não será mais motivo de pena para pessoas de outros países” e, sim, “motivo de orgulho para os venezuelanos”. Segundo ela, a força dos cidadãos do país “transborda e é imparável”. 

Deixamos para trás as divisões, a tristeza, os medos e a separação. O quanto crescemos. Nós conquistamos o que temos com trabalho duro, com inteligência, com verdade, com amor”, declarou em vídeo publicado em seu perfil no X (ex-Twitter). 

Segundo ela, “cada um tem sua parte” na “tarefa” de tirar Maduro do poder. Vamos todos juntos. A Venezuela precisa de vocês, precisa de nós. Você tem de fazer parte da história”, afirmou. 

Assista: 

González estava exilado na Espanha desde setembro de 2024. Ele buscou refúgio no país europeu depois que a Justiça venezuelana ordenou sua prisão por descumprir 3 intimações do Ministério Público para esclarecer a divulgação das atas eleitorais do pleito –embora os documentos sejam públicos em países democráticos e com eleições livres.

Autoridades venezuelanas afirmaram que González seria preso caso “encostasse o dedo” na Venezuela. No começo de janeiro, Maduro ofereceu recompensa por informações que levem à prisão do opositor. 

O governo disse que terá 1.200 militares na segurança reforçada durante a posse de Maduro, de forma a evitar qualquer articulação da oposição. 

Nos últimos dias, González tem feito um tour por países das Américas –mas não incluiu o Brasil no roteiro. 

Ele se reuniu com os presidentes da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), e dos Estados Unidos, Joe Biden (Partido Democrata). 

Nos EUA, o opositor esteve também com políticos norte-americanos. Entre eles, Mike Waltz, indicado pelo presidente eleito norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), a conselheiro de Segurança Nacional. 

González se reuniu ainda com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou (Partido Nacional, centro-direita), e com Luis Almagro, secretário-geral das OEA (Organização dos Estados Americanos). 

Na 4ª feira (8.jan), esteve com o presidente do Panamá, José Raúl Mulino (Realizando Metas). 

A tensão na Venezuela está escalando. Na 3ª feira (7.jan), Maduro informou que o país deteve 7 mercenários, incluindo 2 cidadãos norte-americanos que, segundo o venezuelano, são de “patente muito alta”.

Também na 3ª feira (7.jan), González disse que Rafael Tudares, seu genro, foi sequestrado em Caracas, capital venezuelana, por indivíduos encapuzados e vestidos de preto enquanto levava seus filhos à escola, sendo forçado a entrar em uma van dourada.

VENEZUELA SOB MADURO

A Venezuela vive sob uma autocracia chefiada por Nicolás Maduro, 62 anos. Não há liberdade de imprensa. Pessoas podem ser presas por “crimes políticos”. A OEA publicou nota em maio de 2021 (PDF – 179 kB) a respeito da “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos relatou abusos em outubro de 2022 (PDF – 150 kB), novembro de 2022 (PDF – 161 kB) e março de 2023 (PDF – 151 kB). Relatório da Human Rights Watch divulgado em 2023 (PDF – 5 MB) afirma que 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.

Maduro nega que o país viva sob uma ditadura. Diz que há eleições regulares e que a oposição simplesmente não consegue vencer.

As eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 são contestadas por parte da comunidade internacional. A principal líder da oposição, María Corina, foi impedida em junho de 2023 de ocupar cargos públicos por 15 anos. O Supremo venezuelano confirmou a decisão em janeiro de 2024. Alegou “irregularidades administrativas” que teriam sido cometidas quando era deputada, de 2011 a 2014, e por “trama de corrupção” por apoiar Juan Guaidó.

Corina indicou a aliada Corina Yoris para concorrer. No entanto, Yoris não conseguiu formalizar a candidatura por causa de uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González assumiu o papel de ser o principal candidato de oposição.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou em 28 de julho de 2024 a vitória de Maduro. O órgão confirmou o resultado em 2 de agosto de 2024, mas não divulgou os boletins de urnas. O Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo atual regime, disse em 22 de agosto de 2024 que os boletins não serão divulgados.

O Centro Carter, respeitada organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, considerou que as eleições na Venezuela “não foram democráticas”. Leia a íntegra (em inglês – PDF – 107 kB) do comunicado.

Os resultados têm sido seguidamente contestados pela União Europeia e por vários países individualmente, como Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O Brasil não reconheceu até agora a eleição de Maduro em 2024, mas tampouco faz cobranças mais duras como outros países que apontam fraude no processo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer não ter visto nada de anormal no pleito do país.

A Human Rights Watch criticou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) em agosto de 2024. Afirmaram em carta enviada aos 3 ser necessário que reconsiderem suas posições sobre a Venezuela e criticaram as propostas dos líderes para resolver o impasse, como uma nova eleição e anistia geral. Leia a íntegra do documento (PDF – 2 MB).





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