Após sofrer racismo, vítima critica postura da Magazine Luiza que prega inclusão social

Após sofrer racismo, vítima critica postura da Magazine Luiza que prega inclusão social


Susan Sena, mulher que denunciou ter sido vítima de injúria racial após receber um e-mail automático da Magazine Luiza chamando-a de “macaca”, concedeu uma entrevista ao portal LeoDias e conversou com a reportagem sobre o caso de discriminação que relatou ter sofrido recentemente.

A cozinheira relatou que ficou desacreditada quando leu a mensagem e até tirou e colocou os óculos para ver se aquilo estava realmente estava escrito. “Eu simplesmente não conseguia acreditar que, em 2025, uma empresa do porte da Magazine Luiza pudesse cometer um crime racial contra uma cliente. Fiquei tão chocada que cheguei a tirar e colocar os óculos, na esperança de que o que estava escrito pudesse mudar”, contou.

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Cliente relata injúria racial em e-mail da Magazine LuizaReprodução/Magazine Luiza

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“Eu saí do aplicativo, eu entrei, eu atualizei a página, sabe? Eu dei um zoom pra ver se era aquilo mesmo que eu estava lendo. Olhei o e-mail, se era o mesmo e-mail que estava escrito lá, Susan. Se era o mesmo e-mail que estava escrito lá, macaca. Você não espera isso acontecer, não sabe o que pensar, não raciocina. Eu fiquei uns 10, 15 minutos tentando acreditar no que eu estava vendo”, complementou.

De acordo com ela, o e-mail foi recebido após a realização do reconhecimento facial do aplicativo da empresa e após isso ficou claro que se tratava de um crime racial. “Senti que era meu dever mostrar ao mundo que a atitude da loja foi criminosa e que sou a vítima dessa situação… tenho total ciência de que não devo me calar.”

Ao ser questionada sobre o suporte recebido pela equipe do Magazine Luiza, Susan relatou que não a agradou nenhum pouco. Ela afirmou que inicialmente, duas funcionárias informaram que meu cadastro, feito em 2011, já continha a palavra “macaca” e que seria realizada uma análise aprofundada para identificar o responsável.

O setor de TI explicou que, devido ao tempo, seria difícil rastrear o autor. No entanto, ela informou que horas após a repercussão do caso, a loja publicou uma nota dizendo que o cadastro foi realizado online em 2011, o que contradiz as informações passadas anteriormente.

Marcas do racismo

Susan contou à reportagem que nasceu nos anos 90 e sofreu racismo durante toda a sua infância devido a cor da sua pele. “Isso me marcou profundamente. Nunca imaginei que passaria por isso novamente, especialmente por parte de empresas que se mostram engajadas com questões de cunho racial, como é o caso da Magazine Luiza. Agora, ao viver essa situação, me vejo recordando diversos momentos dolorosos da minha infância, o que torna essa experiência ainda mais difícil de lidar”, lamentou a vítima.

“Eu me vi a mesma Susan criança de 10 anos de idade que sofria bullying na escola, sabe, que era chamada de neguinha, que era chamada de macaca, de cabelo duro. Me deu muitos gatilhos, é como se a fita tivesse rebobinando e eu estivesse na minha sala de aula”, contou Susan.

Além disso, a cozinheira falou sobre o sentimento que sente quando conversa sobre racismo com o seu filho de 15 anos. “Me sinto profundamente decepcionada por ter que explicar que o racismo ainda existe. Na minha época, éramos condenados pelo simples fato de entrar em um mercado com uma blusa de frio e as mãos nos bolsos. É doloroso ver que, mesmo com o tempo, ele tem vivenciado na prática que nada mudou e que o racismo no Brasil ainda é uma realidade presente”, disse a cozinheira.



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