Novo Secom de Lula foi responsável por campanha vitoriosa

Novo Secom de Lula foi responsável por campanha vitoriosa


Técnico e político ao mesmo tempo, Sidônio Palmeira conquistou a confiança do petista durante eleição e virou conselheiro informal

O publicitário Sidônio Palmeira comandará a Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência a partir da próxima semana. Ele assume o posto no lugar de Paulo Pimenta (PT) com o desafio de recuperar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que caiu desde a posse em 2023, e de olho nas eleições de 2026. 

Com histórico de campanhas eleitorais para o PT na Bahia e ações institucionais para o partido, Sidônio se aproximou de Lula durante a campanha eleitoral de 2022. Ele assumiu o marketing da candidatura do petista em meio a uma disputa de poder em torno da comunicação, na época, do então candidato. Teve o apoio da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, e o do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva (PT), que havia assumido a coordenação da comunicação da campanha lulista e agora é cotado para comandar o PT a partir de julho. 

Sidônio convenceu Lula a polarizar a disputa pelo Planalto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o início da campanha, estratégia que o petista tinha dúvidas no início. Na época, Bolsonaro tentava a reeleição.

A 1ª peça apresentada ao petista, intitulada “2 lados”, trazia ao final uma voz de mulher com a pergunta: “Que Brasil você quer? O do ódio?”. Na imagem, uma mão fazia o símbolo de ‘arminha’, típico da campanha de Bolsonaro. Em seguida, a narradora fazia outra pergunta: “Ou do amor?”. Uma mão, então, fazia o símbolo do ‘L’, de Lula. O vídeo foi exibido pela 1ª vez em 7 de maio de 2022, quando Lula fez o pré-lançamento de sua campanha.

Ao longo da campanha, Sidônio ganhou a confiança do petista. Pessoas que trabalharam com ele na época relatam que houve uma sinergia entre os 2, principalmente porque o marqueteiro tem tino também para análises de conjuntura política. A boa relação construída com a primeira-dama Janja Lula da Silva é citada ainda como outro fator favorável a ele.  

Manteve-se presente já durante o governo, inclusive com viagens constantes a Brasília. Lula costumava consultá-lo sobre estratégias para o lançamento de políticas públicas e programas sociais. 

Sidônio intensificou sua presença no Planalto nos últimos meses. Desenhou a estratégia de divulgação do pacote de corte de gastos, em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou as medidas em um pronunciamento veiculado em rede nacional de rádio e televisão, em 27 de novembro.

Em dezembro, produziu e participou da gravação de um vídeo em que Lula aparece ao lado do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Em sua fala, o petista disse que seu governo jamais interferirá nas decisões da autoridade monetária e garantiu autonomia a Galípolo.

De perfil discreto e com a fala em tom baixo, Sidônio não gosta de holofotes e prefere atuar nos bastidores. Também não gosta de ser chamado de marqueteiro. 

“Eu quero dizer que eu sou uma pessoa que nunca trabalhou em governo, então, mesmo assim, da iniciativa privada, sou publicitário. Alguns chamam de marqueteiro, eu não gosto muito do termo marqueteiro, porque fica parecendo que a gente vai transformar qualquer coisa no ideal, mas não é isso”, disse ao falar com jornalistas pela 1ª vez desde que aceitou o cargo, nesta 3ª feira (7.jan.2025). 

Embora demonstre ter um perfil técnico, pessoas próximas avaliam que ele tem uma “alma política”. É descrito por colegas como pragmático e objetivo. 

Um episódio, porém, destoou de seu comportamento retido e surpreendeu conhecidos. Quando Lula foi eleito, em outubro de 2022, Sidônio havia saído do hotel onde o petista acompanhava a apuração dos votos. Assim que o resultado foi confirmado, voltou às pressas. Chegou correndo pela entrada externa do hotel InterContinental, deu um pulo e levou a mão ao alto com o punho fechado, à la jogador de futebol. “Ganhamos”, exclamou. 

Sidônio foi o 3º marqueteiro baiano a trabalhar com Lula, mas será o 1º a assumir um cargo no governo. Em 2022, Duda Mendonça (1944-2021) fez a campanha que levou o petista ao Planalto pela 1ª vez com o mote “Lulinha paz e amor”. Em 2006, João Santana comandou a reeleição de Lula e, em 2010 e 2014, a eleição e reeleição de Dilma Rousseff (PT). 

Ambos se mantiveram próximos a Lula e a Dilma em suas gestões, mas nunca chegaram a ter um cargo formal. É comum que marqueteiros ajudassem os presidentes eleitos. Nizan Guanaes, por exemplo, fez a campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e depois colaborou com o tucano. Mas é incomum o próprio marqueteiro chefiar a Secom.





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