Deputados e senadores do partido foram 61,5% das reuniões com congressistas do ministro da Secretaria de Comunicação
O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, priorizou petistas e nomes do Rio Grande do Sul em seus compromissos com congressistas durante seu período no cargo até agora, no início de 2025.
Levantamento do Poder360 com base na agenda oficial do ministro mostra que deputados e senadores de partidos mais à esquerda ocuparam 74,7% de suas reuniões, sendo os do PT os mais presentes (61,5% de todos os encontros). O restante foi para siglas de centro, mesmo que de forma tímida. A oposição teve praticamente nenhum espaço.
Os dados abaixo não consideram o período que Pimenta deixou a Secom para cuidar das ações de reconstrução do Rio Grande do Sul. Referem-se só ao seu cargo de chefe da comunicação do governo.
Os congressistas com quem Pimenta mais se encontrou em reuniões foram:
- José Guimarães (PT-CE), líder do Governo na Câmara – presente em 9 encontros;
- Denise Pessôa (PT-RS), deputada – 7 encontros;
- Jaques Wagner (PT-BA), líder do Governo no Senado – 7 encontros.
Pimenta deve ser substituído nos próximos dias depois de insatisfação até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a comunicação do governo. O petista afirmou em 6 de dezembro que seria obrigado a fazer “correções” na área.
Entrará para comandar a Secom o marqueteiro Sidônio Palmeira, que trabalhou na campanha vitoriosa de Lula em 2022. Ele é próximo do presidente e lhe foi prometida “carta-branca”
Na imagem, Lula em agosto de 2024 no lançamento do livro “Brasil da Esperança: o marketing nas eleições mais importantes da história do país”, de autoria de Sidônio Palmeira
Congressistas do Estado natal de Pimenta, o Rio Grande do Sul, são proporcionalmente os mais frequentes em sua agenda, como citou esta reportagem mais acima. O nome do ministro é citado para disputar o governo gaúcho em 2026.
Procurada pelo Poder360, a Secom declarou que a predominância de congressistas do Rio Grande do Sul na agenda do ministro se dá pelo fato de que muitos assuntos tratados no período em que Pimenta cuidou das ações de reconstrução do Estado gaúcho continuam a ser acompanhados mesmo depois de ele retornar ao cargo na Secretaria de Comunicação.
Sobre o domínio do PT nas reuniões, o ministro diz ser procurado por “diversos” líderes da sigla por ser uma “referência” do partido. Leia a íntegra da nota enviada no fim deste texto.
METODOLOGIA
Foram consideradas todas as citações a “deputado”, “deputada”, “deputados”, “senador”, “senadora” e “senadores” registradas no campo principal da agenda oficial. Reuniões que citam congressistas de forma genérica, sem mencionar o nome, ou cerimônias amplas que não são reuniões, não foram computadas. Deputados estaduais e vereadores também não estão incluídos na soma.
Os dados foram baixados na plataforma e-agendas em 2 de janeiro de 2024. Atualizações podem ser feitas posteriormente no sistema, mas as variações tendem a ser mínimas mesmo com o passar do tempo.
O período que Pimenta ficou afastado para ser ministro extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul também não foi considerado por se tratar de compromissos que não necessariamente envolvem a comunicação do governo.
OUTRO LADO
Eis a nota enviada pela Secom ao Poder360 sobre os dados desta reportagem:
“A predominância de agendas com agentes políticos do Rio Grande do Sul se dá por um motivo óbvio: durante cinco meses deste ano, o ministro Paulo Pimenta esteve lotado em Porto Alegre comandando o Ministério da Reconstrução do Rio Grande do Sul, muitos destes assuntos seguiram sendo acompanhados pelo ministro mesmo com seu retorno à Brasília, fazendo com que ele fosse procurado por autoridades gaúchas.
“O fato de ter mais pessoas do PT sendo atendidas por Paulo Pimenta é de simples entendimento: O ministro está licenciado de seu sexto mandato como deputado federal, sendo o único parlamentar a exercer a função de líder da bancada do PT, partido ao qual ele é filiado há mais de três décadas, por dois anos consecutivos. Essa história construída no parlamento faz com que o ministro seja uma referência para o partido sendo procurado por diversas lideranças da sigla.”
