A freira italiana Simona Brambilla supervisionará todas as ordens religiosas da Igreja; substituirá o cardeal brasileiro João Braz de Aviz
O papa Francisco nomeou nesta 2ª feira (6.jan.2025) a 1ª mulher para chefiar um grande escritório do Vaticano. A freira italiana Simona Brambilla será a “prefeita” responsável por supervisionar todas as ordens religiosas da Igreja Católica.
Simona Brambilla, de 59 anos, é ex-superiora geral das Missionárias da Consolata e comandará o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. A irmã se tornou secretária do escritório em 7 de outubro de 2023. Como líder, substitui o prelado brasileiro, cardeal João Braz de Aviz, que liderava o Dicastério desde 2011.
Brambilla se formou como enfermeira e trabalhou como missionária em Moçambique após ingressar nas Irmãs Missionárias do Instituto da Consolata. Liderou o instituto de 2011 a 2023.
O pontífice também nomeou o cardeal espanhol Angel Fernández Artime, de 65 anos, como “pró-prefeito” do departamento. O portal de imprensa Vatican News, contudo, não deu detalhes imediatos sobre como os 2 novos nomeados dividiriam as funções.
A nomeação de Brambilla foi possível graças à reforma com a a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium de 2022, que permitiu que leigos, incluindo mulheres, chefiassem um Dicastério e se tornassem prefeitos.
MAIS MULHERES NA IGREJA
Segundo dados do Vaticano, referentes tanto à Santa Sé quanto ao Estado da Cidade do Vaticano, a porcentagem de mulheres aumentou de quase 19,2% para 23,4% de 2013 a 2023.
Embora o papa venha concedendo a mulheres cargos de 2º comando em alguns escritórios do Vaticano, a nomeação para um posto de liderança é inédita.
Uma mulher nunca havia sido nomeada “prefeita” de um Dicastério ou congregação da Cúria da Santa Sé, entidade reconhecida por supervisionar a Igreja Católica global.
Dentre outras nomeações, ele nomeou Barbara Jatta como a 1ª mulher a liderar os Museus do Vaticano em 2016. Em 2022, nomeou a freira Raffaella Petrini como secretária-geral da Governação, uma função normalmente atribuída a um bispo.
Em 8 de julho de 2019, Francisco concedeu a 7 mulheres cargos no Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica pela 1ª vez.
Contudo, o pontífice manteve a proibição de mulheres serem ordenadas padres e afastou ideia de que mulheres pudessem ser ordenadas diaconisas.