Classes A, B e C voltam a representar mais de 50% dos domicílios brasileiros em 2024, diz estudo da Tendências Consultorias
Um estudo da Tendências Consultoria estima que 50,1% dos domicílios brasileiros tiveram renda superior a R$ 3.400 por mês em 2024 –ou seja, fazem parte das classes A, B e C. É a 1ª vez desde 2015 que essas categorias juntas ultrapassam a metade do conteúdo amostral.
Os números sinalizam uma maior predominância da classe média no Brasil, efeito influenciado pelas medidas de transferência de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Exemplos incluem o Bolsa Família e a valorização do salário mínimo acima da inflação. Como o Poder360 mostrou em setembro, o “welfare state” brasileiro –os principais benefícios sociais de transferência de recursos da União e dos Estados– somavam ao menos R$ 397 bilhões por ano em 2024.
Como consequência, a representatividade das classes D e E caiu de 50,4% para 49,9%. Leia os detalhes no infográfico abaixo:
Outros dados também se destacam:
- classe C (R$ 3.400 até R$ 8.100) – está com a maior predominância de domicílios desde 2020, o ano da pandemia;
- classe B (R$ 8.100 até R$ 25.200) – porcentagem mais elevada desde 2014;
- classe A (+ R$ 25.200) – está no maior patamar da série, acima dos 4%.
“Em 2024, o salário mínimo valorizado deve ampliar o poder de barganha dos trabalhadores nas negociações salariais e impulsionar o crescimento do rendimento real habitual”, diz a pesquisa. Eis a íntegra (PDF – 802 kB).
O salário mínimo mais alto também eleva o valor de outros benefícios sociais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada). As classes mais baixas dependem mais desse tipo de programa.
Leia mais sobre a transferência de renda:
Outro ponto importante foram os dados de emprego. A população desocupada no país está no menor patamar da série histórica, o que favorece o aumento da renda domiciliar.
“Nas economias em desenvolvimento, famílias pertencentes à classe média são aquelas anteriormente pobres e vulneráveis. O seu retorno à condição de pobreza, portanto, é suscetível a eventualidades como as referentes à família (doença, desemprego, aposentadoria de algum membro) ou à economia (recessão)”, afirma o texto.
CLASSE NAS REGIÕES
O estudo da Tendências também mapeou como se dá a distribuição de renda nas regiões. Nos mesmos padrões dos dados históricos, o Nordeste se destaca com a maior porcentagem de domicílios nas classes mais baixas.
Leia o detalhamento:
“Desigualdades geográficas são resultado da distribuição das atividades econômicas e dos grupos sociais pelo Território Nacional. As maiores vulnerabilidades encontram-se nas regiões Nordeste e Norte, em mulheres, de cor preta, jovens e com menor nível de instrução”, afirma o levantamento.