Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, ex-jogador e sua mulher revelaram como foi feita a escolha do local de ONG, planos para 2025 e inauguração de escola em Moçambique
Natal é sempre uma época especial, em que as pessoas parecem estar mais atentas ao senso de solidariedade. Porém, há quem faça isso há anos, independentemente de época comemorativa ou intenção midiática, e esse é o caso de Cafu e sua esposa Mariah Morais, que dirigem o Projeto Cafuzinhos do Sertão. A iniciativa, idealizada pelo craque e sua amada há três anos, busca combater a desnutrição no Sertão nordestino, mais precisamente no povoado do Pedrão, em Olho D’água das Flores, no Estado de Alagoas.
Durante o evento de confraternização de fim de ano, o atleta falou sobre a importância de acompanhar de perto cada conquista. “Esses momentos não apenas fortalecem os laços comunitários, mas também renovam a esperança e a determinação dos envolvidos em continuar expandindo as ações e eu faço questão de fazer parte de tudo que posso”, ressaltou o campeão, que possui uma trajetória admirável no campo social. Ele dirigiu uma fundação que, por 15 anos, atendeu cerca de 1.500 crianças e adolescentes mensalmente. Essa fundação agora serve como uma creche, continuando a missão de apoiar a infância e a juventude.
Além do trabalho no Brasil, Cafu e Mariah Morais também se dedicam a diversas ações sociais no continente africano. Esse compromisso com o bem-estar global demonstra a amplitude e a profundidade da dedicação de ambos às causas humanitárias. À Jovem Pan, o casal falou com exclusividade, sobre os desafios de praticar solidariedade mundo afora.
O altruísmo sempre esteve presente no relacionamento de vocês? Quando isso começou?
Mariah: Cresci em uma família humilde, era muito comum uns ajudarem aos outros. Desde muito criança já fazia projetos sociais. Para mim é mais que uma questão de bondade, vejo como uma obrigação.
Cafu: Quando se nasce na periferia, é quase que automático uns olharem pelos outros. Depois que realizei meu sonho de me tornar um atleta reconhecido, quis devolver de alguma maneira para a sociedade ao menos um pouco de tudo que recebi de Deus. Minha fundação chegou atender 1.500 crianças mensalmente. Junto com a Mariah, isso só potencializou.
Como foi feita a escolha do local para benefícios da ONG e por quê?
Mariah: Liguei pra ele e disse: ‘Amor, quero ir para o sertão alagoano fazer um projeto social, mesmo que comece pequeno e vá crescendo aos poucos’. Meu pai era nordestino, filho do sertão. Escolhi um lugar que me fizesse sentir próxima dele, que faleceu há pouco mais de três anos.
Cafu: Aceitei na hora que ela me pediu apoio. A única exigência era que fosse um lugar que realmente precisasse.
Desde que começaram esse trabalho voluntário quero que cada um descreva uma cena ou situação que tocou seu coração e te emociona ainda hoje.
Mariah: Nunca vou esquecer da cena do Cafu tirando o tênis e jogando bola descalço com os meninos, em um campo repleto de cactos, espinhos, pedras… Foi muito importante para eles verem um ídolo em condição de igualdade.
Cafu: Eu me emociono com todas as conquistas deles, mas o choro de esperança do senhor Manoel, o treinador, um senhor que, por ver tantas crianças pelas ruas, sem ter o que fazer, resolveu chamá-los para jogar futebol. Não tinham material esportivo, não tinham lanche, enfim, essas crianças eram movidas somente pela vontade de praticar um esporte, me emociono até hoje. Atualmente já modificamos a vida de 30 famílias diretamente. O sonho é levar esperança para todas as cidades do sertão.
Tem pessoas que só fazem atos solidários no Natal. Vocês, não. E aí?
Mariah: O Natal é uma data que estimula as pessoas a ajudarem mais, mas precisamos apoiar o ano todo. Esse trabalho fazemos há três anos, mas estamos envolvidos com outros projetos, a vida toda.
Cafu: Eu e a Mariah, fazíamos ações separadamente, hoje em dia fazemos juntos. É muito bom estar com alguém que compartilha esse pensamento de solidariedade. Estamos o tempo todo pensando o que podemos fazer além do que já fazemos, no Brasil e na África.
Tem gente que defende que o melhor é ajudar sem noticiar. Qual a opinião de vocês sobre isso e quais os planos para 2025?
Mariah: Acho ruim quando fazem algum tipo sensacionalismo ou usam para inflar a vaidade. No nosso caso, a divulgação se torna necessária porque precisamos de doações. Tudo é feito com muita transparência. O que eu espero fazer no projeto em 2025 é a reforma do campo, construir um refeitório e a sala de leitura. E também devemos inaugurar em Moçambique nossa primeira escola, que está quase pronta.
Cafu: Além da reforma que a Mariah citou, espero poder continuar levando amor e esperança para o maior número possível de pessoas. Isso está em mim, corre no sangue e nunca vai mudar.